Um Paraíso a descobrir...

Miranda do Douro, ainda respira e caminha pelo passado, podemos contemplar a sua natureza rica e preservada, as senhoras de preto e as suas casas de pedra. Pelas curvas das estradas deste Portugal chegamos ao Nordeste Transmontano e a 60 kms de Bragança encontramos bem inserida no Planalto Mirandês a Cidade de Miranda do Douro. Em cada pequena aldeia e vila deste concelho podemos observar que o tempo não andou, é frequente ver senhoras vestidas de preto que saem das centenárias igrejas onde rezaram o terço ou nalguns casos, mais um nobre e sábio habitante que deixa esta terra para se juntar aos mortos. Com poucos atractivos e oportunidades para os jovens, estas aldeias vêm os seus jovens partir para cidades maiores. Em algumas aldeias já há mais de vinte anos que não nasce uma criança.

Neste pequeno paraíso escondido, permanece aquilo que faz a delícia dos turistas mais exigentes: a autenticidade, tranquilidade e preservação do património natural e cultural destas terras ainda desconhecidas inclusive, por muitos portugueses.

Para quem vem da cidade do Porto em automóvel, após três horas de espantosas paisagens, o turista ao entrar neste concelho tem a sensação de entrar num túnel do tempo, onde cada morador parece uma personagem de uma mini-série de época qualquer e o cenário parece montado ali para uma novela ser rodada a qualquer momento. Miranda tem um jeito austero, sincero e aberto nas suas gentes. Um povo apegado às tradições, mas sem deixar de ser acolhedor e amigo de quem vem de fora.
Por todos os lados, em Miranda do Douro, encontramos casas de pedra centenárias, algumas já reformadas, outras exactamente como foram construídas, onde é costume ver velhinhas de preto sentadas em frente, a descansar ou a conversar calmamente.
Mas também se vê pelas ruas de pedra uma ou outra senhora ou senhor que, apesar da idade avançada, enverga um feixe de feno nas costas, num ritmo de vida que com o passar dos anos não mudou nem se alterou. Quando a fome apertar, experimente a Posta á Mirandesa. Uma carne de vitela simplesmente deliciosa, acompanhada com batata a murro, arroz e grelos. Ou então um bom cozido Mirandês, feito á lareira num velho pote de ferro de três pernas. E para sobremesa uma fatia de bola doce, é um típico bolo Mirandês feito á base de açúcar e canela num forno de lenha.

Outra das características deste povo é a sua língua, o Mirandês. " Não é o Português a única língua usada em Portugal (...) fala-se aqui também o mirandês" anunciava, em 1882, José Leite de Vasconcelos no seu "Dialecto Mirandês" dando, assim a conhecer ao mundo a existência desta língua. Elevada em 1999 a segunda Língua Nacional de Portugal “Reconhecimento oficial dos direitos linguísticos da Comunidade Mirandesa”, Lei da Assembleia da República nº7/99 de 29 de Janeiro, Diário da República, I Série-A, nº24 de 29-1-1999, p. 544.

Nesta viagem ao interior profundo podemos descobrir os encantos escondidos de uma cultura singular, rica e muito enriquecedora.